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casa ventana

Projeto arquitetônico de uma escola de corporalidades espaço de apresentações circenses.

Etapa:

Executado

Equipe:

bloco B + Giovana Bragiola, Bossa arquitetura

Local:

Florianópolis /SC

2019

O projeto do espaço cultural Casa Ventana foi desenvolvido para substituir a antiga da garagem da residência de artistas conhecida como “aquário” por um espaço que tem como atividades uma escola de corporalidades e um espaço de apresentações circenses. Três premissas condicionaram as escolhas projetuais: a primeira é vinculada à durabilidade e à resistência da edificação devido à necessidade estética de representar uma edificação segura ao seu uso específico; a segunda leva em consideração a relação da edificação com seu entorno imediato, pois o terreno faz limite com uma área de preservação da mata nativa; e a terceira premissa está relacionada ao tempo de execução e à restrição orçamentária pré-determinados pela proprietária. 

casa ventana bloco B
casa ventana bloco b arquitetura

Usos e forma 

No terreno funcionam duas atividades: a casa cultural e a casa moradia onde habitam os artistas. A casa moradia pré-existente no local é uma típica casa de madeira pré-moldada voltada em si, com pequenas aberturas e acesso pelos fundos do terreno. Dessa forma a casa cultural se destaca e se impõe em forma e dimensão para indicar onde é o espaço que recebe o usuário passageiro.  

Entre as edificações está o ponto mais alto da nova edificação, com 7m de altura o paredão de concreto define o limite físico entre morar e praticar acrobacias. Tal altura deve-se a otimização do espaço vertical da edificação para o uso de aparelhos circenses como a lira, tecido, corda e trapézio. A forma triangular foi definida através da escolha por criar a cobertura com apenas uma água que encaminha a vazão da chuva para a área mais permeável do terreno.  Nela optou-se pelo uso da telha metálica que além de ter rápida instalação permite uma menor inclinação da cobertura fazendo com que o ponto médio onde estariam pendurados os equipamentos circenses alcance uma altura maior.   

casa ventana bloco B
casa ventana bloco B
casa ventana bloco B
casa ventana bloco B

Materialidade e contexto 

Os fechamentos e aberturas foram pensados de acordo com a melhor implantação para atender as premissas de projeto. Dessa forma as duas fachadas que podem ser vistas da rua e que estão localizadas ao norte geográfico foram criadas com fechamento em placas de concreto trazendo algumas conseqüências condizentes aos objetivos: fechar-se ao maior período de incidência solar para trazer um conforto térmico às atividades, controlar os custos ao pensar nas esquadrias de forma pontual nestas duas fachadas e definir a forma e a materialidade da edificação transmitindo a sensação de resistência e robustez. 

Voltadas ao sul as outras duas fachadas da lateral e fundos se abrem ao máximo para o exterior conectando a edificação visualmente com a vegetação da mata preservada.  Nestas fachadas aproveita-se das amplas aberturas para utilizar ao máximo a iluminação natural e os ventos recorrentes.  

As esquadrias têm papel importante de diálogo entre espaço interno e externo, sua materialidade traz organicidade, permeabilidade e leveza em contraponto à robustez e o peso do concreto. Feitas de madeira por um artesão local são fechadas com telhas de policarbonato o que permite que sejam leves e facilmente manuseadas. A escolha da telha de policarbonato ao invés do vidro reduziu consideravelmente o valor das esquadrias. As aberturas menores basculantes são abertas com sistema de cordas e as portas-janelas atingem o ângulo de 90º de abertura ampliando o espaço interno e servindo como cobertura para os comuns dias chuvosos da cidade.  

A necessidade de um espaço amplo para as atividades corporais permite diferentes formas de ocupá-lo tanto nas aulas, como nos diferentes layouts nas apresentações. Foi preciso lembrar que essa arquitetura teria ocupação do espaço na superfície horizontal ao nível do chão, mas também teria seu vazio vertical utilizado pelos corpos nos equipamentos aéreos, dessa forma estudou-se a amplitude dos movimentos para dimensionar alturas e larguras da edificação. 

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casa ventana bloco B
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Poesia e experiência 

Ao entrar o usuário deve tirar os sapatos, não existe separação de ambientes, tudo é sala de aula, tudo é palco, tudo é platéia. O calor e a textura da madeira do chão convidam todos a sentar, entregar o corpo ao espaço, misturarem-se à cena iluminada pelo sol do fim do dia. Ao fundo vê-se a vegetação distorcida pelo formato arredondado das telhas definindo um limite sutil ao transpasse entre espaço interno e externo. As “ventanas” se abrem e ouvimos o passarinho cantarolar em disritmia da música que guia o corpo dançante. A cabeça acompanha seus movimentos, chão, paredes, teto observa-se todo o espaço em pouco tempo, domina-se o espaço com o olhar, o cheiro e o tato. Fecha-se as “ventanas”, fim do ato: se concretiza o diálogo entre copo, natureza e arquitetura.   

Dibujaba ventanas en todas partes. 
En los muros demasiado altos, 
en los muros demasiado bajos, 
en las paredes obtusas, en los rincones, 
en el aire y hasta en los techos. 

Dibujaba ventanas como si dibujara pájaros. 
En el piso, en las noches, 
en las miradas palpablemente sordas, 
en los alrededores de la muerte, 
en las tumbas, los árboles. 

Dibujaba ventanas hasta en las puertas. 
Pero nunca dibujó una puerta. 
No quería entrar ni salir. 
Sabía que no se puede. 
Solamente quería ver: ver. 

Dibujaba ventanas. 
En todas partes. 

Roberto Juarroz, Duodécima poesía vertical 

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